Marcelo Oliveira
Quem ama cultura e passa pelo simpático, mas imponente, prédio datado de 1890, bem conservado, localizado na esquina da Praça Saldanha Marinho (sem número), com a Rua Venâncio Aires, orgulha-se. Afinal, o coração de um entusiasta da arte fica aquecido em saber que a Cidade Cultura tem um palco vivo e pulsante em pleno centro da cidade, protegido pelas paredes históricas dessa construção centenária. O que poucos sabem é que o Theatro Treze de Maio, que celebra nesta quinta-feira (26) 25 anos de reabertura, é uma resistência cultural e passou por um dos momentos mais delicados de sua “saúde financeira” não durante a pandemia, mas, sim, nos últimos meses.
Para se manter ativa, a casa conta com o auxílio e a dedicação de 8 funcionários contratados, que custam cerca de R$ 20 mil mensais. O teatro também arca com as despesas básicas e manutenção do espaço.
O pagamento da folha de funcionários e das contas básicas dependem única e exclusivamente da verba vinda da locação do palco centenário, da colaboração dos sócios e de doações espontâneas.
De acordo com a diretora do Theatro Treze de Maio, Ruth Péreyron, 72 anos, manter um espaço cultural desse porte em atividade é, naturalmente, um desafio. E isso se potencializou a partir da pandemia. Porém, com a locação do espaço para transmissão de lives e, depois, de eventos híbridos, as contas se mantiveram em dia.
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O momento mais crítico vivido pelo Theatro Treze de Maio foi nos primeiros meses deste ano, já prestes a completar as bodas de prata com a cidade, conforme conta a dama do Treze, que está à frente da diretoria pelo mesmo período de tempo da reabertura, 25 anos.
Segundo Ruth, de janeiro a abril, o palco não foi alugado. Assim, o caixa com as economias do espaço cultural ficou quase vazio e a diretoria do teatro chegou a cogitar fazer um empréstimo para manter as contas em dia. Isso só não ocorreu por que neste mês e em junho o espaço foi alugado para eventos como o show de Nei Lisboa, o espetáculo O Homem Mais Inteligente da História, além das datas confirmadas para o mês que vem, que conta com Vera Fischer, Serginho Moah, além de outras atividades que já ocorreram ou tiveram datas reservadas.
– Foi um sufoco. Mas, graças aos sócios, a algumas doações generosas, e a essas novas datas de aluguel do teatro, conseguimos contornar a situação – explica dona Ruth, respirando aliviada.
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Já o bom estado de conservação, visível por dentro e por fora, é garantido, anualmente, pelos projetos propostos e aprovados via Associação de Amigos do Theatro Treze de Maio. Neste ano, o projeto de manutenção propôs a captação de R$ 79 mil, mas, a Lei de Incentivo à Cultura local aprovou R$ 44 mil, já captados.
Quinta-feira (26)Celebração de 25 anos
O que – Concerto com a Orquestra Sinfônica de Santa MariaQuando – Quinta-feira, às 20hQuanto – De graça (ingressos esgotados)
Sábado (28)Theatro Encena
Quando – Sábado, dia 28 de maio, a partir das10hResumo – Protagonizando o encerramento do seu mês de aniversário, o Theatro Treze de Maio convida a comunidade santa-mariense para um encontro das artes. Com apresentação do projeto Arte nas Janelas, exposição de obras da Associação dos Artistas Plásticos de Santa Maria e feirinha cultural de arte. Promoção: Associação dos Amigos do Theatro Treze de MaioQuanto – De graça (em frente ao Theatro)
Vera Fischer está na programação especial de 25 anos do Treze de Maio
Orquestra celebra 25 anos
Foto: Marcelo Oliveira (Diário)
Imerso no silêncio que antecede todo e qualquer espetáculo, o técnico afinador Fabiano Dias Freitas (foto) afinava o piano alemão Steinway 1968. O instrumento será usado na apresentação da Orquestra de Santa Maria, desta quinta-feira, às 20h. Às vésperas do dia em que o um quarto de século da retomada do Treze é comemorado, Freitas escutava cada nota para que nada saia do tom durante a apresentação:
– Primeiro, eu descubro a frequência do piano, aí, depois, afino a oitava central e dela, pelo ouvido, vou passando para as outras oitavas. Ainda mais no inverno, a umidade deixa a mecânica do instrumento pesada. Por isso, primeiro tenho que tirar as falhas da mecânica para, na sequência, ir para a afinação .
Os ingressos, que eram gratuitos, estão esgotados. A expectativa é de casa cheia no aniversário da reabertura de um dos patrimônios da cidade.
No aniversário de 25 anos de reabertura do Theatro Treze de Maio, os protagonistas sobem ao palco
O parabéns será ao som de um concerto em homenagem a compositores brasileiros vivos, com participação de solistas convidados: Rosimari Oliveira (soprano), Francis Padilha (barítono) e Hélio Xavier Valentim (clarinete). Na sequência, também está prevista a estreia mundial de Nignle, para clarinete e cordas, do compositor carioca Alexandre Eisenberg, professor do departamento de Música/UFSM. Integram ainda o programa a obra Museu, uma canção de vigília, de Flávio Oliveira, compositor santa-mariense, O Rio Amazonas, de Frederico Richter, compositor gaúcho fundador da OSSM, que comemora seus 90 anos de vida neste ano, e Fantasia Concertante, do mineiro Andersen Vianna, que, assim como Nignle, está em primeira performance mundial. (Colaborou Jewison Cabral)
Arte Nas Janelas
Quando – Sábado, às 11hResumo – Apresentação musical nas janelas frontais do Theatro Treze de Maio, com trio composto pelos instrumentistas Dilber Alonso, Lufe Duarte e a cantora Dida Larruscain. No repertório, um passeio pela música brasileira, nesse ano em que se comemora os 100 anos da Semana de Arte Moderna, e Árias de Óperas para soprano, em homenagem aos 25 anos de reabertura do Theatro. Realização: Associação dos Amigos do Theatro Treze de Maio. Financiamento: Lei de Incentivo à Cultura de Santa Maria. Classificação LivreQuanto – De graça (em frente ao Theatro)
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